quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Festivais incentivam a criação de ‘filmes de bolso’

ORIBGINAL: LINK - Estadão

Apesar de ser considerado uma arte audiovisual bem nova, o Brasil já está conseguindo mostrar que também tem uma boa produção na área dos vídeos produzidos por celulares.

Na edição de 2007 do Pocket Films (www.festivalpocketfilms.fr), o festival internacional de filmes criados com celular mais prestigiado atualmente, 14 vídeos tupiniquins foram apresentados. O único que entrou na competição oficial foi Moysés, Dentista, de Igor Amin e Rodrigo Pazzini.

“A idéia do Pocket Films é difundir os realizadores que se esforçaram e acreditaram que era possível fazer um curta com poucos recursos”, diz Lucas Bambozzi, que participou da seção de Projetos Internacionais, ao lado de Cristiane Fariah, Giselle Beiguelman, Ronaldo Gino, Fred Paulino, entre outros.

Lucas também é um dos curadores do arte.mov, Festival Internacional de Artes em Mídias Móveis, que, neste ano, terá a sua segunda edição, novamente na cidade de Belo Horizonte (MG). Para poder atrair inscrições na edição do ano passado, o arte.mov fez workshops e debates sobre a idéia de criar vídeos a partir dos celulares. “Muitos dos vídeos que foram para o Pocket Films foram feitos por gente que nunca tinha filmado antes”, diz Lucas.

Uma dessas pessoas foi a designer gráfica Cristiane Fariah, de 28 anos. Com um celular emprestado pela produção do art.móvel (ela podia ficar com ele por apenas uma noite), essa mineira criou um vídeo simples, que resume todo o conceito de se criar um vídeo a partir de um telefone móvel.

Batizado de Como Fazer um Filme na Pós-Modernidade, o trabalho de dois minutos foi feito em um take só. “O meu plano é continuar fazendo isso. Os celulares são um mercado que vai reunir um bom número de telespectadores e penso em curtas enxutos que alegrem o seu dia”, explica.

Cristiane aproveita a deixa para criticar a produção atual. “Hoje tem muito reality show e dá para ir além disso. Dá para fazer uma animação, um stop motion. É só acertar a metodologia que melhor funcione na telinha do celular.”

Além do art.mov, no ano passado houve o Bahia Celular Filme, um festival de cinema para curta-metragens feitos exclusivamente com aparelhos celulares. O Festival do Minuto também tem uma seção voltada apenas aos telefones móveis, e eventos multimídias, como Nokia Trends e Motomix Festival, também costumam incentivar a produção de “filmes de bolso”.

SMS SUGAR MAN
Enquanto o Brasil ainda caminha com a produção de curtas feitos a partir de celulares, lá fora já existe até um longa-metragem totalmente filmado pelas lentes das câmeras desses telefones portáteis.

SMS Sugar Man (2006) foi dirigido pelo diretor sul-africano Aryan Kaganof. Orçado em apenas US$ 160 mil, o filme foi gravados em 11 dias, a partir de oito aparelhos celulares. Com 1h30 de duração, o longa foi exibido nas salas de cinema da África do Sul (as imagens foram ampliadas para o formato 33 milímetros) e também pôde ser baixado diretamente no celular, em três capítulos de 30 minutos.

O filme conta a história de um cafetão e duas garotas de programa que percorrem as ruas de Johanesburgo na véspera de Natal. Procurado pelo Link, Kaganof abusou da “simpatia”. Disse que sua idéia em filmar o longa apenas com telefones celulares visou levar seu trabalho a um outro patamar e que toda a filmagem foi “muito sexy”. Beleza então.

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